dimanche 30 juillet 2006

Poesia no espelho


Poema de cem faces (trechos)
Cem Poetas*

"Aquele rio era como um cão sem plumas.
...

Lá, tudo é paz e rigor, Luxo, beleza e langor.

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas.
Nós merecemos a morte, porque somos humanos.


Todos, todos estão dormindo na colina.
Por que não dizer baixinho, como quem reza:— Ó doce e incorruptível Aurora...


Estou sozinha na praia...
Ó mundo, vamos dançar!

O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!
sólamente uma

vez

Minha alma se tornou profunda como os rios.
Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Meus olhos marinheiros
Pressentiram o desastre.
De onde vem essa

chuva trazida na ventania?

Agora vire a página e olhe o anjo que ele
[ possuiu,veja esta mantilha sobre este ombro puro

Ontem caminhei
Nos campos de chuva;
hoje chove dentro de mim.
...

E eis que, dançando, saímos
além da sala e do tempo.
Eu boi.

Boi de mim mesmo.
Boi sonso.
Boi de canga.

Como te chamas, pequena chuva inconstante e
[ breve? Como te chamas, dize, chuva simples e leve?
Tereza? Maria?
se ao menos esta dor se vissese ela saltasse fora da garganta como um grito


Pouco me importa.
Pouco me importa o quê?
Não sei: pouco me importa.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Somos contos contando contos, nada.

A palavra passao gesto fica
Os soluços graves

Dos violinos suaves
Do outono
a lua sobre o marera um sabre aparando a água
...

não há um sentido úniconum poema
Cala, poesia,

A dor dos homens não se pode exprimir em
[ nenhuma língua.

Meus pensamentos são meus camelos
Meus pensamentos são meus cavalos
Certa madrugada friairei de cabelos soltosver como crescem os lírios.
O ferro do despeitovaza a sintaxe,

fere e desnorteia
Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança


Você não sabia? Deu no jornal:
amanheço todo dia nua e estreita como uma rua de comércio
Aprende-se muito com a ausência.
Por mais que eu me seqüestre, aquele rio me

[ retoma.
viver é cobrir os outros de cicatrizes e ser coberto
Também não gosto.

Lendo-a, no entanto, com total desprezo, a
[ gente acaba descobrindo nela, afinal de contas, um lugar para o genuíno.
As testemunhas cegas da existência,sempre a te olhar sem que você se importe,

O mundo começava nos seios de Jandira.
Para quem me queira ouvir: Sou um homem aos frangalhos.
Descobre-se um amorna iminência de perdê-lo.
E logo ela é só flama, inteiramente.
As garças não eram feitas: surgiam. Leves,

feitas de vôo
os irreparáveis uivosdo lobo, na solidão.
Palavras, deixai-me celebrar o vão movimento dos ponteiros dorelógio,

os episódios vãos,
a nossa morte.
As barcas afundadas.
Cintilantes
Sob o rio.
E é assim o poema.
Cintilante
E obscura barca ardendo sob as águas.

E o homem disse:
"As coisas tais como são
Se modificam sobre o violão".


este tiroteio de silênciosesta salva de arrepios

pitangas no travesseiro, cama com cheiro de fruta.
a poesia está morta
mas juro que não fui eu

O mais era morte e apenas morte
às cinco horas da tarde.

(O amor me busca como um predador.)

O poema é antes de tudo um inutensílio.
O amolador de tesouras atravessa a rua atrás do assobio do realejo.
Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir.


O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Não posso viver comigo

Nem posso fugir de mim.
quismudar tudomudei tudo
Tive uma jóia nos meus dedos —E adormeci —


Escrevem brancas palavras de um sal agudoe triste.
Dói olhar o mar de uma cadeira.
Virei no vento

Da primavera.
Em tua boca
Serei carícia,
Um pouco mais de sol — eu era brasa.
Um pouco mais de azul — eu era além.
...
Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...
um dois três o juro: o prazo
Na palma do vento pouso a fronte.

Nele confio.
Então, atiro sobre as palavras outras palavras,
Água noturna, noite líquida, afogando de apreensões
As altas torres do meu coração exausto.
Ora, a alegria, este pavão vermelho,está morando em meu quintal agora.
Lembro-me bem.
A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Dói o vôo cortante desta tarde.

Tenho a rua, findando em outra rua de músculo e trégua, tenho o braço-de-ferro.
E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,

Nesta acumulação de corpos enfezados;

Talvez um lírio. Máquina de alvura
Sonora ao sopro neutro dos olvidos.
ir pelo puro prazerda paisagem
Há um tigre em casa que dilacera por dentro aquele que o olha.
O poema me levará no tempo

Quando eu já não for eu
Áspera guitarra rasga o ar da praça
...
Ó solidão, minha mãe,medusa erguida sem pai.
De novo me invade.
Quem?
– A Eternidade.
o real me escapa, paródia de labirinto.
De todas as perguntas, só quero reter a centelha.
É leve a criatura vaporosa
Como a frouxa fumaça de um charuto.
Não é minha esta casa, aí entrarei no entanto.
Quebrarei o portão, marcharei entre as flores.
Ouça as mãostecendo a língua e sua linguagem
Daquele que amo
quero o nome, a fome
e a memória.
Você é
Testemunha —
A pá é irmã do canhão."

Aucun commentaire: