
"Ao terminar, Cayetano tomou a mão de Sierva María e a pôs sobre seu coração.
Ela sentiu lá dentro o fragor da tempestade.
- Estou sempre assim - disse ele.
E sem lhe dar tempo ao pânico, libertou-se da matéria turva que o impedia de viver.
Confessou que não passava um instante sem pensar nela, que tudo que bebia e comia tinha gosto dela, que a vida era ela a toda hora e em toda parte, como só Deus tinha o direito e o poder de ser, e que o gozo supremo de seu coração seria morrer com ela.
Continuou falando sem a fitar, com a mesma fluidez e o mesmo calor com que recitava, até que teve a impressão de que Sierva María tinha dormido.
Mas ela estava atenta, fixos nele os seus olhos de corça assustada.
Apenas se atreveu a perguntar:
- E agora?
- Agora nada - disse ele. - Basta que saibas."
Gabriel García Márquez
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