mardi 8 août 2006

"autodescoberta"


Estou sentindo falta do que não conheço...

Eu não vou me importar se ninguém entender como isso pode acontecer, mas às vezes, eu sinto saudades do que ainda vou viver, ou do sonho de viver algo no futuro.
É como se eu já o conhecesse, sendo ele apenas intocável, mas não impossível de ser sentido.
Por exemplo, eu nunca fui ao Japao, mas eu sinto falta de estar lá.
E eu sei que um dia vou estar lá mesmo, como se o Japao já fizesse parte da minha vida desde que nasci. É uma espécie de nostalgia.
É como aqueles versos de Cazuza "eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades..."

Minha alma está inquieta, ela quer sair pra brincar, ela quer correr, gritar e rir com as outras almas amigas dela. Mas eu não deixo, sou uma espécie de mãe-carrasca, por isso minha alma é triste: ela vive presa, de castigo.
Sinto falta de viver todo o amor que tenho dentro de mim.
Sinto falta de exteriorizar meus sentimentos.
Sinto falta de calor humano, de cumplicidade, companheirismo, de olhos nos olhos.
Sinto falta do toque, de fazer carinho em outra pessoa.
Às vezes cansa ser tão só.

(Eu sei que isso é fase, sempre passa, e sempre continuo só mesmo)

Eu não me atrevo mais a dizer que não tenho amigos, eu os tenho.
O problema é que a maioria deles é intocável.
Se tem algo que me deixa feliz da vida, é ver as pessoas que eu gosto crescendo, buscando por si mesmas.

Adoro ver quem eu admiro querendo se tornar uma pessoa melhor, não que essas criaturas fantásticas a quem tenho carinho não sejam boas demais para este mundo... ao contrário, por elas serem boas demais, é que sempre acham que está faltando algo.
Eu sei, eu me sinto assim constantemente.
Mas só hoje eu sei que sou boa demais. ; )

A "autodescoberta" é algo dolorido mesmo, é complicado, cansativo, e exige atenção total da nossa parte, por isso mesmo que muitos desistem no meio do caminho.
É praticamente um parto, não dá pra ficar no quentinho da barriga da mamãe a vida toda.

Você que está passando por isso, vamos lá, não desista, conte com seus amigos, conte consigo mesmo (que é o mais importante).
As pessoas entenderão o seu silêncio.

Eu, para me encontrar (e olha que ainda não me encontrei totalmente, estou caminhando), precisei me perder do resto do mundo. Fiquei incomunicável durante uns dois anos e meio, isso é a mais pura verdade.
Eu saí de cena, fui ao camarim e limpei a maquiagem pesada que estava em meu rosto.
Depois peguei todas as máscaras, pus numa caixa e toquei fogo nela.
Foi angustiante ver todos os meus personagens consumindo-se naquele pequeno incêndio provocado por mim mesma.
Não tem fuga.
É assim, dói e dá sensação de perda.
O que compensa depois de tudo, é a força espetacular com a qual você sai desse autoconhecimento.
Você passa a dar mais valor a todas as pequenas coisas da vida, e pelo fato de conhecer todos os seus pontos fracos, não se deixa esmorecer diante de fatos que antes eram tão importantes pra você.
Tudo magicamente passa a ter valores diferentes na sua vida.
Como você não é mais o mesmo, nada mais é igual.
Tudo fica mais real, mais paupável.
Até as pessoas ficam menos complicadas ao serem vistas pelos seus novos olhos.

Só sei de uma coisa: o processo da "autodescoberta" é feio e cheio de obstáculos, mas se você conseguir chegar do outro lado, meu amigo...
você não tem idéia de como o mundo vai ficar mais colorido!

1 commentaire:

-drika amaral a dit…

como assim ninguém vai te entender?
O que eu mais sinto falta são das coisas que não conheço, ou das quais não possuo.
Estranhos?
Talvez não fossemos blogueiros,se fossemos normais.